Antes de mais, um grande obrigada a todas as meninas que me acompanharam, esclareceram e ajudaram ao longo da minha gravidez...
Um grande beijo às meninas da irmandade das sopianas: Suzy, Piquinha, RCPQ, Little... vocês são fantásticas e sabem que têm um lugar muito especial!!!
Outro beijo muito grande às meninas "grávidas professoras": k13, IsaTeresa, entre outras, obrigada por todo o apoio e calma... agora temos não só a missão de educar crianças, mas o maior desafio de todos... educar o nosso filho!
Um beijo também a outras meninas que não referi o nome, mas que também me apoiaram...
No domingo, 5 de Outubro, acordei às 9 da manhã... sentia umas dores mais fortes do que as habituais na zona dos rins, como aquelas do período, acompanhadas de umas moinhas na parte inferior do ventre. De vez em quando tinha umas pontadas maiores, mas que depois passavam. Pensei que fosse mais outro daqueles sinais que apareciam, fazendo parecer que o parto era para breve e que depois acabam por desaparecer passadas umas horas... Não associei imediatamente às contracções do parto, porque não imaginei que fossem assim, pensava-as mais centradas no ventre; não tinha grandes sinais anteriores de iminência do parto e três dias antes tinha ido ao médico e ele disse que o bebé ainda estava muito subido e que provavelmente não nasceria essa semana, mas que nestes casos nunca se sabe, porque às vezes tudo se processa rápido... Também tinha ido passear para o centro comercial na noite anterior (eu sentia-me muito bem) e as pessoas todas que encontrei me diziam “A barriga está muito subida, ainda demora...”
Como me aliviava mais estar de pé em movimento, lá fui eu tratar da casa: recolher a roupa, dobrar e guardar o que não se passa, arrumar a louça no armário (ainda me empoleirei em cima do balcão para chegar aos armários do canto e mais altos), essas coisitas.
Entretanto vieram uns amigos meus buscar umas coisas deles que eu tinha guardadas cá em casa... Ainda tentei ajudá-los a levar pelas escadas mas como “ralharam” comigo pus-me quietinha... Nestes entretantos, às vezes vinham umas dores mais fortes, mas suportáveis... O meu marido perguntava-me “Tu não queres ir ao Hospital?” Mas eu não queria ir sem ter a certeza de que era mesmo a hora H para não andar de trás para a frente ou chegar cedo e ficar horas na dilatação... A experiência que tinha de algumas amigas minhas é que tinham sempre ido uma ou duas vezes ao hospital pensando que era hora e vieram para trás... eu pensava que esta era uma dessas vezes...
Fui a casa do meu irmão que mora mesmo ao meu lado e a minha mãe disse-me para me ir despachar que devia estar quase na minha hora... Lá me convenci e fui... tomei o banhito, retoquei a depilação, confirmei as malas e sentei-me a ver a periodicidade e intensidade das contracções... Estavam irregulares entre 15 e 20 minutos e agora sim, já tinha umas dores valentes... Esperei mais um bocadinho para ver se chegava ao intervalo de 10 minutos porque não moro longe do hospital... Entretanto fui combinando e confirmando os últimos pormenores com o maridão... pedi-lhe que telefonasse para o meu irmão que é enfermeiro e me ia acompanhar no parto a avisar que eu ia sair em breve de casa... Eu levei a gravidez toda a tentar convencer o meu marido para ir comigo, mas ele dizia sempre que não... mesmo antes de casarmos quando se falava nisso a resposta era não... mas... surpresa... ele disse-me: “Eu vou contigo!!!” Fiquei tão feliz que até me aliviou as dores... Senti-me muito mais confiante e apoiada naquele momento!
Saímos... Durante o caminho comecei a sentir que as contracções eram cada vez menos espaçadas. Estacionámos perto do hospital e fui aquele bocadinho a pé... como dizem que andar faz bem à dilatação...
Entrei para as urgências às 12h5o min. e fui chamada... Atenderam-me um médico e uma enfermeira espectaculares... Ele fez o toque... um bocadinho doloroso... e deu a notícia “Está a entrar em trabalho de parto... Vai ser internada no bloco de partos.” Perguntei: “É para hoje Dr.?”... “É sim... Coitada de si, se não fosse...” Finalmente, tive a certeza que era o dia!!! Depois a enfermeira ligou-me ao CTG... Nesta altura já tinha contracções mesmo muito fortes e seguidas. Apercebi-me da conversa entre eles... ela era da opinião que eu devia ser primeiro internada na enfermaria até haver maior dilatação para eu estar mais confortável e não logo no bloco de partos... isto porque segundo o que o médico escreveu eu tinha dois dedos de dilatação... Então ela levou-me outra vez para a marquesa e disse... “Vamos lá ver esses dois dedos de dilatação...” Fez novamente o toque... Os dois dedos do doutor eram quatro! A mão dele era bem grandalhona... Fui então internada no bloco de partos, puseram-me a soro e ligaram-me outra vez ao ctg e vieram dar-me a epidural como eu tinha pedido... Como é óbvio já estava com bastantes dores. O anestesista era “porreiro” até brincou comigo... Ia explicando os procedimentos que tomava e o que eu iria sentir à medida que ele ia trabalhando... Não me doeu absolutamente nada, contrariamente ao que eu pensava... Ele explicou-me que ia dar a anestesia não de modo a tirar-me as dores todas, mas a diminuí-las, isto para que eu soubesse e pudesse saber como, quando e onde fazer força na altura da expulsão. Passados uns 15 minutos, as dores diminuiram, mas continuava a senti-las ainda que não me incomodassem muito. O meu marido veio então para o meu lado e ficámos os dois sozinhos a conversar... De vez em quando vinha uma enfermeira, a parteira ou o médico ter connosco... As dores começaram a ficar um tanto ou quanto mais fortes e a parteira ficou de vez... Era uma querida mesmo... chamava-me filha, ia-me incentivando a fazer força e indicando o que devia fazer... então senti-me maldisposta e vomitei umas quantas vezes... Ela disse que era bom que assim fosse porque mesmo involuntariamente fazia força e ajudava.
Comecei a ficar com dores mesmo muito fortes e a sala começou a ficar cheia... para além da parteira, vieram o médico e duas enfermeiras... Então puseram as pernas da marquesa... Eu já me contorcia toda com dores, mas não queria fazer “fita”, esforçava-me por colaborar e manter-me calma com a ajuda do meu marido que ia falando comigo também... e eles todos a pedirem para eu segurar na barra lateral e fazer força o máximo de tempo seguido... Ouvi a parteira dizer: “Ela coitadinha faz...” Depois o médico começou a falar com a parteira com alguns termos técnicos que não fixei... também não conseguia estar atenta à conversa deles... e lembro-me de entre várias coisas o médico dizer “posição lateral esquerda, bla bla bla, fórceps”. Senti uma agitação na sala, comecei a ouvir uns ferrinhos a bater uns nos outros... senti e vi de relance o médico a trabalhar... até que começou outra vez o “Faça força agora... Já está a cabeça... os ombros...” e depois senti como que umas bolhinhas grandes a escorregarem da barriga e a dor acabou instantaneamente... puseram-me o meu bonequinho em cima de mim e ouvi-o chorar às 16h 45 min. Eu e os meus dois amores, a família completa, de lágrimas nos olhos a olhar para ele!!! Levaram-no para o limpar e vestir e eu aí só me ria de felicidade, sempre com os olhos no meu menino, enquanto o médico acabava o trabalho e me cosia. Até brincámos com o quem ele era parecido, com a placenta que parecia fígado! Alegria total... O meu marido ficou com o pipoquinha ao colo e ambos ao meu lado até eu sair da sala de parto e ir para o recobro! Sentia-me tão bem, tão feliz que nem o sofrimento do parto me abalou na altura!
Já no recobro pude pegar-lhe mais tempo e dar-lhe de mamar!!! Soube então que o bebé se tinha encaixado mal durante o parto e que foi necessário o médico usar fórceps para evitar que tivesse as dores todas da dilatação e do parto e depois seguir para cesariana e ter depois a recuperação dela... Sei que tive uma equipa maravilhosa a assistir-me... um médico muito experiente, uma parteira incrível e enfermeiras do melhor!!!
Foi um parto curto, apenas cerca de quatro horas, mas a última hora foi muito intensa e sofrida, mas quando olho para o meu amor tudo vale a pena!
Nasceu no dia 5 de Outubro... um feriado e Domingo... tal e qual como a mamã queria!