Paroxetina na gravidez | Page 62 | De Mãe para Mãe

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Paroxetina na gravidez

Seg, 06/07/2015 - 02:18
Ginecologia e obstetricia
cspc83 offline

Boa noite Exmos. Srs. Drs.,

venho por este meio recorrer novamente a vós na esperança de palavras mais firmes e talvez, mais tranquilizadoras relativamente ao meu assunto. Já vos havia deixado esta mesma questão há umas semanas mas não obtive qualquer resposta, por isso tento novamente a minha sorte!
O meu nome é Cláudia, tenho 31 anos, sou profissional de saúde e desde os 12 anos que sofro de severos ataques de pânico. Os meus ataques de pânico podem surgir repentinamente, como por exemplo, fazerem-me acordar a meio da noite, como podem igualmente ser despoletados por uma situação de stress, que muitas vezes nem necessita de ser extremo. Durante os ataques de pânico, fico com sudorese profusa; bradicardia acentuada na ordem dos 3-4 ciclos por minuto; parestesias nas extremidades que posteriormente resultam em distonias extremas em que mais pareço uma contorcionista, inclusive nos músculos da face; perda de controle de ambos os esfincteres; náuseas; diarreia e prostração severa... posto isto, estou medicada com paroxetina desde os 17 anos...medicação da qual nunca me consegui livrar nem, inclusivamente, substituir por outra menos nociva.
Actualmente estou grávida de 11semanas e 3dias (gravidez não planeada, mas agora desejada) e faço meio comprimido de paroxetina 20mg, portanto 10mg, em dias alternados, e tomo-os sempre após uma boa refeição de forma a que este seja ainda menos absorvido pelo organismo. A verdade é que sei que pertence à classe D segundo a F.D.A., que é teratogénico, essencialmente a nível cardíaco, fora todos os problemas para além destes, que podem provocar no feto em diversos sistemas antes e após o nascimento,etc.
Ter este conhecimento é angustiante e apesar de ter opiniões de 4 clínicos diferentes, nenhum está de acordo com o outro e apenas a minha médica de família está descontraída com a situação, pois tanto a minha médica de psiquiatria, como a minha obstetra e a médica que conheci na consulta de DPN para a qual fui encaminhada, não concordam propriamente com o facto de eu tomar paroxetina, embora acabem por se "render" ao factor risco-benefício...o que a mim não me suscita confiança, não me conforta, não me tranquiliza, pelo contrário...
A questão é que, já tentei o desmame inúmeras vezes ao longo dos últimos oito anos, já tentei, igualmente, a substituição do fármaco e sempre sem sucesso, pois assim que a dose reduz demasiado, os sintomas e os ataques tornam-se mais frequentes, situação que infelizmente estou a experienciar novamente, pois a pressão de não poder tomar o fármaco, mas de também não poder ter um ataque de pânico deste calibre (situação que não controlo), o que pode pôr em risco a própria sobrevivência do feto, é algo que está a afectar-me a cada minuto do dia... Não consigo pensar noutra coisa e tudo o que queria era pelo menos saber de uma gravidez que tivesse sido bem sucedida com paroxetina e sem qualquer efeito nocivo para o bebé...
Antes de saber que estava grávida fazia meio comprimido (10mg) por dia e sabia que se necessitasse podia sempre aumentar a dose, mas quando soube que estava grávida, às 6 semanas, reduzi, sob supervisão da médica de psiquiatria, os mesmos 10mg mas em dias alternados. No entanto, nunca estive com uma dose tão reduzida e além disso, a pressão de saber que não tenho ali aquela muleta do fármaco para poder tomar pelo menos um comprimido inteiro de vez em quando, e que ao mesmo tempo e sem depender do meu controle, também não posso ter um ataque de pânico, está a deixar-me literalmente desesperada. Estou à espera de iniciar (novamente) psicoterapia através do centro de saúde, mas a lista de espera é vasta e já se passaram mais de um mês em que, dia-a-dia a minha situação se agrava mais e, temo, tanto por mim, como especialmente pelo Ser que vem a caminho e que, se realmente sente o que a mãe sente, já está tão precocemente em agonia e sofrimento. Tudo o que eu mais queria era livrar-me deste problema que fez de mim, a partir dos 12 anos uma criança diferente, e que faz agora, aos 31 anos uma grávida também diferente... Sinto que o bebé dentro de mim não está seguro e, pensar que ainda faltam 6 meses e meio até ele vir ao mundo e estar finalmente em segurança, longe do químico do qual a mãe é dependente...é simplesmente desesperante...!
Aguardo ansiosamente com esperança uma resposta/opinião vossa...
Um muito obrigada antecipadamente,
Cláudia C.

Marcela Forjaz

Olá Cláudia,

Não há motivo para tanta angústia e preocupação. Infelizmente o quadro que refere é frequente – e digo infelizmente porque é sintomático do tipo de vida que hoje se leva e de como as pessoas se sentem inseguras no dia a dia - . Perante isto, era impensável impedir as mulheres em idade fértil de cumprirem o seu desejo de viverem a maternidade por apresentarem este tipo de distúrbios e por terem de ser medicadas. Se fossem impedidas de engravidar, causava-se-lhes ainda mais motivos de se sentirem infelizes ou ansiosas, além de se tratar de uma atitude prepotente e não ética...Também não seria viável, uma vez que se lhes permite a gravidez, fazê-lo contra a moeda de troca de suspenderem toda a medicação. Correr-se-ía o risco de ter grávidas ansiosas, angustiadas, deprimidas, à mercê das suas crises de pânico...Não duvidando que estariam felizes por cumprir o seu projecto de maternidade, esses pensamentos agradáveis e reconfortantes não são, no entanto, suficientes para resolver de forma definitiva os seus problemas. Se assim fosse, racionalmente seriam então capazes de lidar com as suas crises e afinal não precisariam de medicação para nada – o que não é o caso.
Esta introdução toda para que a Cláudia perceba que , embora esse ou outro fármaco sejam classificados como D, muitas vezes temos que os utilizar sob o argumento de que, como diz, os benefícios ultrapassam os riscos, e acaba por ser a nossa prática clínica, pela enorme frequência com que temos que os utilizar, que nos diz que os riscos são mínimos. Não seria ético fazer estudos com humanos, mas a verdade é que as circunstâncias nos levam a “arriscar” repetidamente de tal forma que acabamos por ir concluindo que afinal o fármaco é mais seguro do que estava descrito.
Assim, o que tenho a dizer-lhe é que se for necessário volta a utilizar a paroxetina na dose que fazia antes; se conseguir manter-se confortável com a dose que faz agora, óptimo, mas saiba que tem “plafond” para aumentar a dose. Tenho tido já muitas grávidas a fazer a paroxetina sem danos para os bebés até à data e, no caso de mesmo assim ficar com alguma reserva, pode sempre pedir para fazer um ecocardiograma fetal. Mais: mantenho a medicação mesmo após o parto sem impedir a amamentação, pois se já passava uma fracção do fármaco par ao bebé, continuará a passar e ele fará um “desmame” natural do fármaco quando começar a diminuir o número de mamadas e iniciar a diversificação alimentar (pois terá assim uma diminuição natural e gradual da dose).
Espero ter respondido às suas dúvidas...e desejo-lhe as maiores felicidades!

Mais perguntas

catarina1980 offline

Olá! Eu gostaria de saber quando se pode recorrer a um banco de esperma e como se procede.

Eu desejo muito ser mãe e após 3 anos de tentativas, eu e o meu parceiro fomos a consultas de PMA no hospital dos Lusíadas em Lisboa.
Depois de uma bateria de testes disseram-nos que o problema residia no espermograma onde 95% não é viável e a única hipótese seria por FIV mas ainda assim não é garantido.

Eu tenho 30anos.

O meu parceiro tem 38anos, é fumador e não quer abdicar de fumar.

Eu gostaria de saber se a Drª me pode esclarecer sobre quais são os requisitos necessários para se recorrer a um banco de esperma, qual o tempo de espera, qual o tratamento que teria de fazer, se é que teria de fazer algum visto que nos exames que fiz não foi detectado problema algum e quais as hipóteses de uma gravidez com sucesso?

Muito obrigada!!

Ginecologia e obstetricia
marlene lemos offline

Bom dia,

Fui mãe há quase 5 meses, já iniciei os sólidos ao meu filho mas ele ainda mama do peito. Porém, ando com muita queda de cabelo, imensa mesmo, e desde uns dias para cá ando com muitas tonturas - mas a minha tensão anda boa... Como emagreci muito rápido todos os quilos que engordei, não sei se será disso, o que me aconselha a fazer? Obrigada!

Ginecologia e obstetricia
Estrelinha07 offline

Dr.ª,

Pretendia saber se existe algum riscos para o feto e para a mãe a toma de café durante a gravidez. Se sim quais? Obrigada.

Ginecologia e obstetricia
Fifioca offline

Olá.
Por favor, gostaria de saber se é conveniente viajar de avião nos 3 primeiros meses de gravidez?
Obrigada.

Ter, 07/09/2010 - 00:07
Ginecologia e obstetricia
erika lopes offline

Olá Drª,

Gostava de saber quantas cesarianas se podem fazer. Eu tenho dois filhos, os dois nasceram de cesarianas; se eu quisesse ter outro filho ainda poderia ter uma cesariana? Quanto tempo devo esperar entre cesarianas? Do meu 1º para o segundo foram 8 anos.

Desde já agradeço a resposta.

Atentamente

Érika Lopes

carlf offline

Bom dia Dra, tive conhecimento de aborto retido no dia 19 de Agosto na eco das 12 semanas e fiz curetagem a 30 de Agosto. No hospital não me deram informações nenhumas para cuidados seguintes.

Quero voltar a engravidar para concretizar o sonho e a médica falou-me em esperar 2 meses e meio. Quanto tempo depois da curetagem poderei voltar a ter relações sexuais com o meu marido?

Tenho 42 anos.

Obrigada.

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